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  • Jason Prado

Bases para planejar uma Unidade de Leitura

Atualizado: 3 de set. de 2018

Ezequiel Theodoro da Silva Faculdade de Educação/UNICAMP


TEMA: “ÁGUA”

PRIMEIROS PASSOS – Relevância do Tema


Compreender a importância da água para a vida humana é um objetivo fácil de ser justificado pelo professor mesmo porque diariamente tomamos água, precisamos de água e, fisiologicamente falando, somos também água. Sem esse precioso líquido, a vida seria impossível.


Ainda que oportuno e evidente, esse tema, de tão próximo que é, pode passar desapercebido pelos estudantes de uma determinada série escolar. Afinal, na maioria dos casos, a água potável corre pelos canos ou se encontra pronta para beber nos filtros de casa e da escola, não impondo nenhum desafio a quem a procura.


Entretanto, talvez valha a pena iniciar essa unidade de leitura partindo das obviedades ou do senso comum, perguntando aos próprios alunos sobre o valor ou a importância da água para a vida e para o desenvolvimento, deixando que eles:

  1. estabeleçam as justificativas para as leitura a serem escolhidas e realizadas ao longo do percurso (o número de aulas vai depender do planejamento do próprio professor, analisando-se as possibilidades curriculares da escola); e

  2. elaborem as questões que poderão servir como lemes para orientar as leituras (individuais e/coletivas), sob a orientação do professor ou dos grupos que serão formados para tornar ainda mais significativa essa caminhada.

O importante é que, antes de mergulhar a esmo nos textos, a classe, composta por diferentes equipes de trabalho (5 a 7 membros), tenha diante de si um PROJETO DE LEITURA no qual estão inscritos os objetivos das atividades, as perguntas cujas respostas serão buscadas em determinados textos, os trabalhos que serão produzidos, as fontes complementares e as formas previstas de avaliação.


Sempre é bom lembrar que a condução de um grupo de estudantes para chegar ao projeto de leitura da unidade depende sempre do tema selecionado para o aprofundamento da compreensão. Neste caso, o tema “água”, podendo, inclusive, mobilizar várias disciplinas escolares numa grande união de esforços e assim chegar à interdisciplinaridade ou transversalidade, gerando uma ótica totalizadora – e por isso mais profunda – das questões pertinentes ao tema.


NECESSIDADE DE UMA TEORIA DE LEITURA

De nada adiantará um bom acervo de textos, como o aqui compilado, se o professor não carregar consigo uma teoria crítica para o encaminhamento das atividades em sala de aula. De fato, caso esse encaminhamento não seja problematizador e gerador de mais idéias na classe, os textos servirão apenas às velhas rotinas escolares, que apenas reproduzem o já-dito ou então apenas copiam aquilo que os escritores já inscreveram em seus textos.


Um possível modelo de leitura para explorar criticamente os textos disponibilizados neste caderno pressupõe um movimento de interpretação que vai do CONSTATAR (compreensão individual primeira: leitura do texto pelo aluno) passa pelo COTEJAR (partilhar coletivamente as primeiras constatações) e chega ao TRANSFOMAR (produzir mais sentidos, elaborar outros textos vinculados à realidade concretamente vivida pelos alunos leitores).


Importante destacar que o esquema pedagógico ora utilizado foge bastante das rotinas instauradas pela grande maioria dos livros didáticos de língua portuguesa, cuja lógica segue redundantemente os seguintes procedimentos: ler (em voz alta ou silenciosamente), pesquisar vocabulário, responder questionário, fazer exercícios gramaticais e redigir. No esquema aqui proposto os alunos-leitores, individualmente e em grupo, são conduzidos à partilha e produção de novos sentidos para os textos que leram em sala de aula e/ou que foram buscar a fim de ganhar mais densidade ainda a respeito do tema “água”.


OS TEXTOS E SEUS CONTEÚDOS

Depois de elaborado o PROJETO DE LEITURA DA CLASSE, contendo os objetivos e demais elementos organizadores do percurso, professor e alunos se servem do CARDÁPIO LEIABRASIL (os vários textos deste caderno) para o início e o transcorrer da caminhada.


Sempre é importante ressaltar que o professor precisa ter lido os textos de modo a ganhar certa intimidade com os mesmos: conhecer adequadamente os seus referenciais e poder se situar diante dos mesmos em termos de forma ou gênero. Saber, por exemplo, que os textos literários não foram escritos para serem dissecados pela gramática, mas sim para moverem a fantasia dos leitores e aumentarem a sua sensibilidade para uma melhor compreensão da vida social.


Como boa parte dos textos desta coletânea sobre o tema “água” é de natureza literária, as atividades de exploração devem ser as mais abertas possíveis, criadas pela imaginação criadora do professor em função da realidade do grupo de leitores que tem na classe. O importante, metodologicamente falando, é que os alunos sejam levados a:

  • ler vários textos do acervo oferecido e produzir um sentido primeiro às leituras que fez

  • a partir desse sentido primeiro, conversar com outros leitores em grupo para fazer comparações, adensar a sua compreensão primeira e ganhar novos insights com os colegas e com o professor

  • produzir mais sentidos ainda aos textos lidos, procurando levar/trazer idéias, necessidades, problemas, etc do contexto social onde a escola está situada e onde os leitores vivem.

SUGESTÃO METODOLÓGICA: PROCEDIMENTOS POSSÍVEIS

Quando da apresentação de um primeiro texto para leitura (selecionado a partir dos objetivos estabelecidos no PROJETO DA UNIDADE DE LEITURA – ÁGUA), sugiro que uma primeira atividade com esse texto parta de duas perguntas gerais, devendo cada aluno individualmente responder por escrito:

  1. O que você SENTIU ao ler o texto?

  2. O que você COMPREENDEU da leitura do texto?

Respondidas essas duas perguntas, o professor formará grupos de 5 a 7 membros para a PARTILHA dos primeiros significados produzidos. É claro que os grupos devem expor aos demais as idéias a que conseguiram chegar, colocando outras interrogações para efeito de discussão e debate com todos da sala. É importante que o professor, nesta fase, coordene e discipline as vozes, registrando as perguntas e proporcionando as suas próprias impressões a respeito do texto lido.


Encerrada a fase de reflexão e discussão, o professor atribuirá DESAFIOS aos diversos grupos de modo que eles possam produzir mais sentidos ao texto e, ao mesmo tempo, possam estabelecer relações com a realidade vivida em sociedade e situar-se criticamente frente a ela. É importante dizer que as atividades grupais aqui propostas devem ser tomadas como sugestões e não como camisas de força aos professores. Estes são convidados a criar outras atividades a partir das características dos alunos que formam a classe.

TRABALHO EM EQUIPES

PRODUÇÃO DE "MAIS SENTIDOS AINDA"

GRUPO 1: Continuem a história, narrando o que ocorreu antes, durante ou depois de........

GRUPO 2: Tentem refletir sobre uma possível crítica social indiciada pelo texto. Discutam o teor dessa crítica e produzam uma carta ao autor.

GRUPO 3: Pensando no contexto brasileiro atual e levando em conta o espírito desta história, escrevam um poema com a visão da equipe.

GRUPO 4: Transformem essa história numa notícia curta de um jornal.

GRUPO 5: Essa história parece transmitir várias críticas sociais. Identifiquem, na discussão, pelo menos uma crítica e escrevam o seu posicionamento frente a ela (isto é, à crítica que vocês identificaram) na forma de uma alerta aos cidadãos brasileiros. Iniciem o texto assim "Queremos alertar os cidadãos brasileiros para o fato de que.................."

GRUPO 6: Escrevam 05 (cinco) manchetes de jornal - como títulos referentes aos incidentes relatados no texto.

GRUPO 7: Escrevam 05 (cinco) slogans para a propaganda sobre a preservação dos rios nacionais.

GRUPO 8: Façam um desenho (tipo caricatura) de (algum incidente ou personagem do texto lido)

GRUPO 9: A partir da discussão do grupo, dêem continuidade a este início de reflexão “Os rios de minha cidade.......”. Preparem, ensaiem a leitura expressiva do texto que vocês produziram.

GRUPO 10: Usando aquilo que vocês conseguiram entender desta história, escrevam uma paródia para 2 estrofes da canção "Peixe Vivo".

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