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  • Jason Prado

Museu da Chácara do Céu


“Pois a casa é nosso canto do mundo. Ela é, como se diz frequentemente, nosso primeiro universo ...

... Assim, a casa não vive somente o dia - a - dia, no fio de uma história, na narrativa de nossa história. Pelos sonhos, as diversas moradas de nossa vida se interpenetram e guardam os tesouros dos dias antigos. Quando, na nova casa, voltam as lembranças das antigas moradias, viajamos até o país da Infância Imóvel, imóvel como o Imemorial.

... Nessas condições, se nos perguntassem qual o benefício mais precioso da casa, diríamos: a casa abriga o devaneio, a casa protege o sonhador, a casa nos permite sonhar em paz.

... Em suma, na mais interminável dialética, o ser abrigado sensibiliza os limites de seu abrigo. Vive a casa em sua realidade e em sua virtualidade, através do pensamento e dos sonhos.

... Bem entendido, é graças à casa que um grande número de nossas lembranças estão guardadas e se a casa se complica um pouco, se tem porão e sótão, cantos e corredores, nossas lembranças têm refúgios cada vez mais bem caracterizados. Voltamos a eles durante toda a vida em nossos devaneios.”


Esses são alguns fragmentos do livro “A Poética do Espaço” de Gaston BACHELARD, editora Eldorado. Esse livro originou uma das temáticas mais importantes do Leia Brasil, no seu trabalho com a Literatura, em 1995.


Com a temática “Viagem pelos espaços do sonho” desenvolvida com os professores do Leia Brasil, vimos a importância da CASA na descoberta dos seus acervos pessoais e sociais. A reflexão coletiva sobre a casa dos homens, a casa natal, a casa sonhada, a casa das coisas e a casa onírica - casas de Bachelard - foi fundamental para o trabalho com a memória e a sua relação com a leitura.


No percurso dessas muitas casas viajamos pelos seus cantos, (de invenção, meditação e de ordenação) e pelos espaços da intimidade: armários e gavetas, cofres, porão e sótão, bolsas e malas. Vivemos nessa viagem a necessidade de segredos, da memória protegida, do bem - estar do refúgio, da estética do escondido.


Para essa viagem tivemos o apoio precioso dos livros do acervo do Leia Brasil que contribuíram fundamentalmente na descoberta dos professores e alunos em leitores apaixonados e pesquisadores de literatura infantil, juvenil e de adulto.


Professor, se você quiser agora retomar essa temática tão prazerosa que é a CASA, o tempo é esse. Tempo de observar, de sentir, de lembrar.


A visita à Chácara do Céu é o momento ideal para se retomar essas memórias e associá-las com uma boa bibliografia.


Toda a história desse Museu-Casa pode ser o ponto de partida para você trabalhar os espaços poéticos, de preferência, conciliando a visita à leitura de Bachelard.


Nunes, Lygia Bojunga - A Casa da Madrinha - Ed. Agir; A Bolsa Amarela - Ed. Agir; O sofá estampado - Ed. Agir

Machado, Ana Maria - Bisa Bia, Bisa Bel - Ed. Salamandra; O Jardim Secreto - Ed. 34

Perrault, Charles - A Bela Adormecida no Bosque - Kuarup; Borralheira (O Sapatinho de Vidro) Kuarup; Pinsky, Mirna - No Porão - FTD, 1990

Queirós, Bartolomeu Campos - Apontamentos - RHJ; Diário de Classe - Ed. Moderna; Pedro - Miguilim; Mário - Miguilim; Por parte de pai - RHJ

Rosa, João Guimarães - Fita verde no cabelo; a nova velha história - N. Fronteira

Wood, Andrew - A Casa Sonolenta - Ed. Ática


Essas são apenas algumas sugestões. Procure na Biblioteca perto de você e aumente essa lista.


Sugestões

Títulos existentes no acervo do “Leia Brasil”:

Bachelard, Gaston - A Poética do Espaço - Ed. Eldorado, RJ

Alberty, Ricardo - A casa feita de sonho - Ed. Melhoramentos

Azevedo, Ricardo - Um homem no sótão - Ed. Melhoramentos

Bagno, Marcos - O papel roxo da maçã - RHJ

Camargo, Luís - Série Lagarta Pintada - Ed. Ática, 1990

Colassanti, Marina - O menino que achou uma estrela - Ed. Melhoramentos

Contos de Andersen - Mary e Eliardo França - Ed. Ática, 1992

José, Elias - Caixa mágica de surpresa - Paulínias

Junqueira, Sônia - O caracol viajante - Ed. Ática

Lago, Angela - Outra Vez - BH - Miguilim, 1984

Tampinha - Ed. Moderna

Chiquita Bacana e as outras pequetitas - Lê, 1987

Casa de pouca conversa

Casa pequena

Lobato, José B. Monteiro - A Chave do Tamanho - Ed. Brasiliense, 1985

Moraes, Vinícios - A Arca de Noé - José Olympio

Chácara do Céu - Um Museu entre a Natureza e a Cultura


Texto de Apoio

A cidade do Rio de Janeiro

O alto de Santa Teresa é um lugar privilegiado. Do cume do morro descortina-se uma das mais belas vistas da cidade. Além da beleza do jardim que cerca a Chácara do Céu o visitante pode admirar, ao longe, o Pão de Açúcar, os Arcos da Lapa, o Outeiro da Glória, o Aterro do Flamengo e muitos outros pontos importantes que fazem com que nossa cidade, muito justamente, seja chamada de Cidade Maravilhosa.


Alguns desses lugares, sobretudo os Arcos da Lapa, são imagens que constituem a memória viva do Rio Antigo, e que permanecem de pé até hoje, verdadeiros registros de uma época passada que conseguiram sobreviver às inúmeras transformações por que passou a cidade. De memória bem mais recente, datando dos anos 60 do nosso século, o Aterro do Flamengo abriga em seu imenso jardim, entre outras atrações, o Monumento aos Pracinhas brasileiros que combateram na Segunda Guerra Mundial e o Museu de Arte Moderna.


Este é o perfil que melhor caracteriza a cidade do Rio de Janeiro: uma cidade onde o antigo e o moderno, a beleza da paisagem natural e da paisagem arquitetônica convivem harmoniosamente.


Diz a canção popular que “quem mora lá no morro / já vive pertinho do céu”. Teria sido por essa razão que a “Chácara do Céu” foi assim chamada ? Desde o século passado, mais exatamente desde 1876, a propriedade do alto de Santa Teresa, formada pela Casa e pelo terreno com área de 25.000 m2, ficou conhecida por esse nome - Chácara do Céu.


Na verdade, a história da Chácara do Céu remonta ao início do Século XIX. Em 1807, o padre Domingos José da Silva, administrador do Convento de Santa Teresa, mandou construir duas casas no alto do morro. As casas e as terras foram depois vendidas ou arrematadas em leilões por Rowland Cox, João Pereira de Lemos e Emílio Privat.


Após sucessivas vendas e acréscimos de lotes, o terreno adquiriu a sua área atual. Em 1898, o pai de Castro Maya adquiriu a Chácara do Céu, nela residindo até 1917. A casa - um palacete em estilo neoclássico, construído por Januzzi & Filhos - foi arrendada mais tarde à Legação da Noruega e alugada como sede à Embaixada do Canadá.


Raimundo Ottoni de Castro Maya, herdeiro do palacete, decidiu demoli-lo em 1936. Em seu lugar, nesse mesmo ano, mandou construir uma casa, projetada pelo arquiteto Wladimir Alves de Souza. A casa destaca-se não apenas pela modernidade de sua arquitetura, caracterizadapor linhas retas, formas geométricas e grandes janelas de vidro, mas também pela excelente implantação no terreno, que valoriza sua integração aos jardins concebidos por Burle Max e à deslumbrante vista de quase 360 graus da cidade do Rio de Janeiro.


Apresentação

De acordo com as funções primordiais que presidem às propostas da museologia, o Museu da Chácara do Céu vem atuando intensamente, como pudemos observar, de acordo com três objetivos principais: Preservação, Pesquisa e Comunicação. Preservar: proteger a obra de arte da destruição e da ação do tempo, prolongando a sua vida útil, para que possa ser apreciada pelas gerações futuras. Promover a Pesquisa: abrir um vasto campo de possibilidades aos estudiosos, acessando e ampliando a documentação existente. Contribuir para a Comunicação: oferece múltiplas atividades organizadas a partir dos bens naturais e culturais preservados, tais como cursos, seminários, recitais de música, palestras, exposições e visitas guiadas, além de publicações sobre o próprio Museu e suas coleções.


A Biblioteca

O acervo da Biblioteca da Chácara do Céu conta com mais de 10.000 livros, muitos deles com histórias e reproduções de imagens sobre o Brasil. Essa Brasiliana - a documentação sobre o nosso país - constitui um importante banco de dados que vem sendo ampliado e aperfeiçoado, através da publicação de catálogos, livros e de diversas publicações que propiciam o incentivo à pesquisa, entendida como imprescindível produção de conhecimento.


Além do considerável acervo bibliográfico, a Biblioteca dispõe de uma valioso acervo de arte moderna, com quadros de renomados pintores europeus do início do século XX, como Picasso, Matisse e Salvador Dali, entre outros.


Antes de falecer, Raimundo Castro Maya decidiu doar, em testamento, a residência de Santa Teresa à sua Fundação Cultural, criada em 1963. Assim, em 1972, graças ao desejo de Castro Maya de compartilhar com seus contemporâneos e com as gerações futuras os bens culturais que conseguiu colecionar, surge o Museu Chácara do Céu. Com o seu gesto de generosidade, Castro Maya contribuiu de forma significativa para o encontro entre a cidade do Rio de Janeiro e a sua exuberante natureza, o erudito e o popular, o público e o privado. Nesse sentido, seu projeto entra em sintonia com o modo de ser da própria cidade - uma cidade capaz de harmonizar as diferenças e contrastes, as múltiplas facetas e aspectos que constituem a sua paisagem natural, arquitetônica e humana. Desde o início, quando a preocupação ecológica ainda não ocupava o lugar que hoje ocupa na consciência da população, os Museus Castro Maya - Museu do Açude e Museu da Chácara do Céu constituídos pelas residências de Santa Teresa e da Floresta da Tijuca - assumiram um compromisso com a preservação ambiental. Na Chácara do Céu, além do prazer de descobrir em meio à vegetação a fascinante vista do Rio de Janeiro, o público pode conhecer a excelência do seu acervo artístico e iconográfico, participando de atividades variadas que estimulam a fruição estética.


Em ambos os Museus, o caráter residencial foi mantido. Na Chácara do Céu, as características da casa foram mantidas na Sala de Jantar e na Biblioteca.


Desse modo, os Museus Castro Maya procuraram manter também os traços marcantes da personalidade do antigo proprietário: o amor pelos livros e pelas obras de arte aliado ao dom de acolhimento, à disponibilidade para bem receber.


A Sala de Jantar

A decoração da Sala de Jantar da Chácara do Céu é feita com móveis e objetos de arte mais antigos que o prédio da atual casa. Nela o visitante encontra uma mobília fabricada no Brasil no século XVIII, com exceção da mesa de jantar, que é de procedência inglesa e data do século XIX. Do teto pende um enorme lustre de prata, muito usado nas igrejas mineiras no tempo da iluminação a óleo. Mais tarde, esses lustres foram adaptados para receberem lâmpadas elétricas.

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