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  • Jason Prado

Com outros olhos: o índio Karajá

Material de Apoio Pedagógico À Leitura de Outras Linguagens


O LEIA BRASIL foi desenvolvido com o objetivo de incentivar a leitura entre crianças, jovens e adultos da rede pública de ensino, emprestando livros de literatura aos seus alunos.

Nesse amplo universo de leituras, o LEIA BRASIL procura contribuir oferecendo também o suporte em outras linguagens, além do texto, como forma de estímulo ao crescimento individual e ao fortalecimento da cidadania.

Nossas bibliotecas transportam atividades paralelas como oficinas de teatro, visitas de autores, vídeos e acervos sobre diversos temas, com o objetivo de enriquecer o dia-a-dia das visitas, estimular e desenvolver o interesse de alunos, pais e mestres pela leitura, pela literatura e pela cultura.

Para possibilitar aos visitantes do nosso endereço eletrônico o acesso a novas linguagens, estamos abrindo os textos criados por nossa equipe de especialistas para apoio didático aos diversos acervos que itineramos pelas escolas em convênio com museus e outras instituições de ensino e pesquisa.

Esperamos que vocês, a partir desse trabalho, ampliem, criem e recriem outras possibilidades. Que façam de seus alunos leitores críticos, criativos e, principalmente, apaixonados pela leitura.


1 - O ÍNDIO BRASILEIRO KARAJÁ: CULTURA, TRADIÇÃO & COSTUMES.


Conversa com o professor

O “Leia Brasil” construiu várias parcerias com o objetivo de enriquecer a enciclopédia cultural que carregamos em nossos caminhões de mudanças.


A exposição “O Índio Brasileiro”, do Museu do Índio, está dentro deste contexto. Exposições representam uma boa oportunidade de afinar nosso olhar sobre o mundo. Possibilitam também que os textos que fizeram parte da temática do Leia Brasil em 97 – Natureza & Cultura e o Homem em Movimento – sejam sempre e sempre retomados.


Observar em que medida o exposto ilustra a relação entre Natureza e Cultura.


A exposição mostra esta relação em harmonia ou degredada? Dissociada ou conflituosa?


No contexto desta exposição, discutir as informações novas que nos chegam sobre a produção e a cultura indígena:

  • Quem produz, como produz, como é feita a divisão do trabalho e do produto?

  • A influência da Natureza sobre os objetos culturais produzidos.

  • A influência da Natureza sobre as relações econômicas, sociais, religiosas dentro da comunidade.

Avaliar qual o movimento do homem naquilo que estamos vendo. Existe evolução, enriquecimento ou, ao contrário, existe paralisia, retrocesso?


Esta exposição trata de uma cultura indígena específica, mas possibilita pesquisa, descobertas e reflexões sobre a relação entre índios e brancos, no presente e no passado. Pode estimular a discussão sobre aculturação dos índios, demarcação de terras, crescimento demográfico e extinção de minorias, contribuições indígenas à cultura nacional. Pode e deve ser enriquecida com a busca dos textos da cultura oral e literária sobre os ritos e lendas dos índios brasileiros.

(procure um mapa com a distribuição dos índios ao longo do tempo)

As terras indígenas, no território nacional, sua demarcação, crescimento demográfico e extinção de minorias são alguns aspectos que precisam ser discutidos.

(quadro sobre o cotidiano indígena)

Neste quadro você descobre informações sobre como é feita a divisão do trabalho e do produto, quem produz, como produz, enfim, sobre as atividades do cotidiano indígena.

(o povo Karajá)

Aqui você encontra informações sobre as relações econômicas, sociais e religiosas dentro da comunidade indígena.

(cerâmica Karajá)

Neste quadro você descobre a influência da natureza sobre os objetos culturais produzidos pelos Karajá. A arte em modelar peças variadas em cerâmica, bem como esculpir bonecas em argila, além de todo o seu processo.

Além desses quadros o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, dispõe de objetos e informações que podem ser vistas virtual ou pessoalmente.

Recomendamos que você leia a história dos Karajá e “veja” as seguintes peças dessa cultura:

  • pente

  • boneca de madeira

  • colar com penas coloridas

  • colar com pingente de fibra, circular

  • colar com pingente de semente, circular

  • saia de palha

  • chocalho globular

  • colar de pingente

  • bolsa de fibra, redonda

  • brinco de penas em forma de flor

  • colar com pingente de fibra, quadrado

  • boneca

  • pássaro

  • animal

  • boneca

  • prato

Sugestões de Leitura

Livros disponíveis nas bibliotecas volantes do “Leia Brasil”:

Livros.

Amazonas, Amazônia (Jucy Neiva)

Cidadãos da Selva (Marcos Terena)

De olho nas penas (Gerson Conforto)

Arqueologia de Carajás (Marcos Pereira Magalhães)

Iracema (José de Alencar)

Nas terras do Índio Peri (André Carvalho)

Como nasceram as astrelas (Clarice Lispector)

Viagem à terra do Pau Brasil (Petrobras)

Revistas:

Amazônia

Ciência Hoje

Índios e Natureza

Em busca das raízes.

(Essas são apenas algumas sugestões. Procure na biblioteca de sua escola ou sua cidade e aumente esta lista).


Uma lenda Karajá

TAHINA-CAN, A ESTRELA VESPER

Mito recolhido pelo Capitão Pedro Dantas, que o ouviu do Karajá Capitichana, entre os Karajá do Rio Araguaia.

Publicado em “Impressões da Comissão Rondom”, do Coronel Amílcar Botelho de Magalhães. Companhia Editora Nacional. Brasiliana. São Paulo, 1942 pgs 354-356.

Os Karajá formam com os Javaés, da Ilha de Bananal, a família lingüística Karajá.

No tempo em que a nação KARAJÁ não sabia fazer roça, nem plantar o milho cururuca, nem ananás, nem mandioca e só vivia do mato e do bicho que matava e do peixe, existia um casal que teve duas filhas: IMAHERÕ, a mais velha e DENAKÊ, a mais nova.

Num anoitecer de céu estrelado, IMAHERÔ viu TAHINA-CAN brilhar tão bela e suave que não se conteve e disse:

— “Pai, é tão bonito aquilo! Eu queria possuí-lo para brincar com ele”.

O pai riu-se do desejo da moça e disse-lhe que TAHINA_CAN estava tão longe que ninguém o poderia alcançar. Contudo acrescentou:

— “Só se ele, ouvindo-te, filha, quiser vir.”

Ora, alta noite, quando todos dormiam, a moça sentiu que alguém viera colocar-se ao seu lado. Sobressaltada, interrogou:

— “Quem és e o que queres de mim?”

— “Eu sou TAHINA-CAN, ouvi que me querias perto de to, e vim. Casa comigo, sim?

IMAHERÔ acordou os pais e acendeu o fogo.

Ora, TAHINA-CAN era um velho, muito velhinho, de cabelos e barbas brancas como algodão, e de pele enrugada.

Vendo-o à luz da fogueira, IMAHERÔ disse:

— “Não te quero para meu marido; és feio e velho, e eu quero um moço forte e bonito.”

TAHINA-CAN ficou muito triste e pôs-se a chorar.

Então, DENAKÊ, que tinha um coração meigo e bondoso compadeceu-se do pobre velhinho e procurou consola-lo dizendo:

— “Pai, eu me caso com ele, eu o quero para meu marido.”

E o casamento realizou-se, com grande alegria do trêmulo velhinho.

Depois de casado, TAHINA-CAN disse:

— “Careço trabalhar para te sustentar, DENAKÊ. Vou fazer um roçado para plantar coisas boas, que KARAJÀ ainda não possui nem conhece.”

E foi ao BERÔ-CAN (Rio Araguaia); dirigiu-lhe a palavra e, entrando nele, ficou com as pernas abertas, de maneira que as águas passavam entre elas. O velhinho curvado para a corrente, de vez em quando mergulhava as mãos e apanhava as boas sementes que iam jogando rio abaixo.

Assim, as águas deramlhe dois atilhos de milho cururuca, feixes de maniva de mandioca, e tudo maiôs que os KARAJÁ hoje conhecem e plantam.

Saindo do BERÔ-CAN, TAHINA-CAN disse a DENAKÊ:

— “Vou derrubar mato para fazer roçado. Tu, porém não me venhas ver no trabalho; fica em casa, cuidando da comida, para quando eu voltar cansado e com os braços doloridos, matares a minha fome e restaurares minhas forças.”

TAHINA-CAN foi, mas demorou tanto que DENAKÊ, de medo que o muito cansaço o tivesse feito cair exausto e temendo dormir, resolveu desobedecer às recomendações e foi, de mansinho, procura-lo.

Ah! que surpresa, que alegria!

Quem estava ali a trabalhar era um moço belíssimo, de alta estatura, cheio de força e de vida, e tinha no corpo os enfeites e as pinturas que os rapazes KARAJÀ ainda hoje usam.

DENAKÊ não se conteve, louca de alegria correu a abraça-lo e depois o levou consigo para casa, contente por mostrar aos pais o seu esposo, tal como ele era na verdade.

Foi então que a outra irmã IMANHERÔ o desejou também e disse-lhe:

— “Tu és meu marido, pois vieste para mim e não para DENAKÊ.”

Mas respondeu-lhe TAHINA-CAN:

— “Só em DENAKÊ encontrei bastante bondade, para ter pena do pobre velhinho; ela o aceitou, quando tu o desprezavas. Agora não te quero, só DENAKÊ é minha.”

IMANHERÔ, de despeito e inveja, soltou um grito, caiu no chão e desapareceu; no lugar dele e em vez dela, viu-se um URUTAU, pássaro que ainda hoje dá um grito triste e tão forte que parece ser uma ave muito maior.

Foi assim que a nação KARAJÁ aprendeu com TAHINA-CAN a plantar o milho, o ananás, a mandioca e outras coisas boas que antes não conhecia.

Parcerias do Leia Brasil nesse trabalho:

Museu do Índio – Rio de Janeiro

www.museudoindio.org.br

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